Saber o que é pré-natal é fundamental para quem está ou pretende engravidar em breve. O pré-natal é o termo usado para o acompanhamento médico da mulher durante toda a gestação. Através de suas consultas individuais e especializadas, é possível prevenir e/ou detectar precocemente doenças que possam colocar em risco a saúde da mãe e do bebê, como hipertensão arterial, diabetes, desnutrição, malformações do feto, déficit de vitaminas, e outras.
A seguir, confira mais detalhes sobre o pré-natal: o que é, como fazer e quando começar.
Pré-natal: para que serve?
O pré-natal é importante para avaliar se a gravidez é de risco habitual ou de alto risco, identificar a idade gestacional e estimar a data provável do parto. Além disso, as consultas de pré-natal têm intuito informativo e fornecem à mãe orientações sobre sintomas da gestação, hábitos, uso de medicamentos, higiene pré-natal e cuidados da criança (puericultura).
É também através das consultas e dos exames de pré-natal que o(a) médico(a) consegue diagnosticar, prevenir e tratar possíveis complicações de saúde da mulher e do bebê.
Veja a seguir alguns dos problemas que podem ser detectados através do pré-natal*:
- Hipertensão arterial;
- Diabetes gestacional;
- Doenças do coração;
- Doenças infecciosas;
- Deficiências nutricionais;
- Anemia;
- Malformações do feto;
- Eclâmpsia;
- Insuficiência renal;
- Alterações neurológicas;
- Entre outros
*Fonte: FEBRASGO
Pré-natal: quando começar?
Entre as dúvidas mais comuns, estão: quando se deve começar a fazer o pré-natal? O acompanhamento médico deve ser iniciado assim que a gravidez for confirmada? Sim! O pré-natal deve começar a ser feito logo que a mulher descobre que está grávida.
Nas primeiras 28 semanas de gestação, o recomendado é fazer 1 consulta por mês. Entre a 28ª e a 36ª semana, esse intervalo diminui e as consultas do pré-natal passam a ser feitas de 15 em 15 dias. A partir da 37ª semana, a mulher deve passar a se consultar com o médico obstetra semanalmente.
Pré-natal: como é feito?
O pré-natal pode ser realizado em postos de saúde, hospitais e clínicas públicas e particulares. São verificadas informações como o peso, a pressão arterial e o boletim de vacinas da gestante, assim como a altura uterina e os batimentos cardíacos do feto. O(a) médico obstetra (quem faz o pré-natal) também avalia a presença de possíveis incômodos associados à gravidez, como inchaço nos pés, azia, excesso de saliva, fraqueza, dor abdominal, corrimento vaginal, câimbras, entre outros.
Outro fator que costuma ser analisado com atenção é o estado nutricional da mulher. Segundo a nutricionista Luciana Novaes, com quem conversamos sobre o assunto, as carências nutricionais da gestante podem ser avaliadas no pré-natal de diversas formas.
“Através do acompanhamento da rotina alimentar da paciente (onde se percebe a falta de alguns alimentos importantes), através da avaliação clínica de sinais e sintomas, como alterações em pele, cabelos e unhas, cansaço excessivo, distúrbios gástricos e intestinais, e por meio de exames bioquímicos, como hemograma completo e dosagens de vitaminas e minerais”, orienta a profissional.
No geral, os exames do pré-natal comumente pedidos são:
- Ultrassonografia;
- Hemograma completo;
- Exame de fezes;
- Exame de urina;
- Proteinuria;
- Dosagem de hemoglobina e hematócrito;
- Teste de coombs (avaliação de anticorpos);
- Bacterioscopia do conteúdo vaginal;
- Glicemia de jejum;
- Teste de HIV;
- Sorologia para rubéola, toxoplasmose, hepatite B e C, citomegalovírus;
- VDRL para sífilis;
- Exame para descobrir o tipo sanguíneo, o sistema ABO e o fator Rh.
Nutrição na saúde pré-natal: como funciona?
O pré-natal também desempenha um papel fundamental no estado nutricional da gestante. Segundo a nutricionista Luciana Novaes, “a nutrição na gestação trabalha para evitar os riscos de desnutrição, além de contribuir em diversos benefícios para o organismo”.
“Além disso, quando se auxilia a gestante a manter um peso adequado, evita-se situações que podem, inclusive, levar a complicações na hora do parto. Também é importante pensar no acompanhamento do peso, por estar relacionado com a autoestima, depressão pós-parto e proteção para desenvolvimento de doenças crônicas no futuro”, alerta a profissional.
Alimentação e suplementação de vitaminas no pré-natal: veja dicas da nutricionista
No que diz respeito às deficiências de vitaminas na gravidez, as mais comuns são: ferro, cálcio, vitamina D e vitamina B12. “O ferro é um dos nutrientes mais importantes para esse momento. A gestante aumenta o volume sanguíneo para dar conta dela e do bebê e, por isso, a anemia é um dos maiores problemas da gestação. A gestante precisa ter o consumo regular de carnes e vegetais verde escuros, sendo interessante combinar esses alimentos com ingredientes ricos em vitamina C para melhorar a capacidade do organismo de absorver o ferro”, orienta.
Outros nutrientes que devem ser inseridos na alimentação são a vitamina B12 (encontrada em carnes, leites e ovos), o ácido fólico (obtido através de vegetais verde escuros, feijões, lentilha, arroz e pão integral), ômega 3 (disponível em peixes, como sardinha e salmão, linhaça e oleaginosas), entre outros.
Mudanças na alimentação podem ser o suficiente para suprir as necessidades nutricionais da gestante. Mas, em alguns casos, é preciso recorrer a suplementos de vitaminas e minerais. “Pela grande necessidade de se manter as vitaminas e minerais em níveis adequados para o período, quanto mais dificuldades alimentares a mulher tiver, mais será indicado o uso de suplementação para que não haja prejuízo para ela e para o bebê”, orienta a especialista.
O Ministério da Saúde já orienta a suplementação de ferro, porque a deficiência desse mineral é comum no Brasil e pode gerar riscos sérios para a saúde da mãe e do bebê. Além disso, a nutricionista explica que “o ácido fólico, que é importante para auxiliar na formação do tuboneural do feto durante a gravidez, sempre será prescrito para mulheres que estão tentando engravidar e gestantes, podendo ser utilizado até o final da gestação”.
“Os polivitamínicos específicos podem ser iniciados até mesmo antes da gestação, estendendo-se até a amamentação. Em caso de deficiências específicas, como vitamina D ou iodo, podem ser utilizadas dosagens maiores isoladas do que se encontrará em polivitamínicos, e nesses casos, haverá uma orientação específica do profissional de saúde”, acrescenta.
Este artigo conta com a contribuição do especialista:
Luciana Novaes - Nutricionista
Mestre em Saúde Pública - ENSP/FIOCRUZ
Especializada no cuidado Materno e Infantil
Saúde da Mulher e a Vegetarianos
Redação: Dóris Marinho
10/2021. MAT-BR-FM-21-000043